quarta-feira, 20 de agosto de 2008

A Inclusão digital do vandalismo

A Inclusão digital do vandalismo
A popularidade do Orkut facilita o aumento de pontos de encontro das gangues e aumentam o trabalho da polícia


Historicamente a pichação tem um longo histórico. Com muitas manifestações ideológicas e políticas o muro de Berlim na Alemanha, por exemplo, foi vítima desse processo. Isso se estendeu em outros episódios na história. Hoje considerada vandalismo. Nas zonas mais desfavorecidas a prática é utilizada desde marcar território de gangues, proporcionar fama a certo grupo como também serve como uma ferramenta de provocações e ameaças. Mas a pichação é ainda até hoje também é uma forma de protesto.
A pichação no Brasil é considerada um crime ambiental e segundo os termos do art. 65, da Lei 9.605/98, a pena prevista é de três meses a um ano de detenção, mais uma multa ou o cumprimento de tarefas em prol da sociedade. O site de relacionamento, Orkut, hoje é uma galeria de pichações, para quem pratica esse ato de vandalismo. Nesse caso, além de gerenciar comunidades de gangues, jovens e adolescentes desafiam a investigação e divulgam fotos com armas, drogas e meios urbanos onde picharam, para assim ganhar certa fama (status).
As disputas entre gangues naturalmente vão além de pichações. Uso ou venda de drogas já foram muito comuns e já acarretou sérios problemas aqui no Distrito Federal. Até mortes foram registradas com o uso de internet. Saulo Teixeira*, 19 anos, conta que a internet é um mundo sem regras. O estilo de vida só vem crescendo com o aumento da inclusão digital. "Já estou pichando há mais de dois anos", afirma Saulo. O adolescente diz não sentir erro no que faz e nunca teve medo de expor suas fotos na internet. Em tese isso facilita uma investigação policial.
Na 26ª Delegacia de Polícia de Samambaia (26ª DP), existe uma equipe que funciona, nas investigações de ocorrências na internet, basicamente no Orkut, é onde atua a Divisão de Repressão aos Crimes de Alta Tecnologia (DICAT). O delegado Cláudio Magalhães, da 26ª DP, conta que exibições de fotos na internet, são apenas provas que corroboram com as investigações. Essas fotos podem tanto iniciar um processo de investigação contra o crime, como também concluir como prova. A pichação em locais urbanos é algo bastante comum. O delegado Magalhães expõe: "Não há como acompanhar, a pichações de quadrilha que faz isso dia e noite, enquanto temos outras coisas a serem resolvidas."
Na última semana foram presos quatro integrantes de uma quadrilha atuantes em Samambaia. O caso teve provas complementares no Orkut, embora isso não seja freqüente na DICAT. O delegado Aroldo Matos, também da 26ª DP, explica que a lei contra esse crime ambiental não é muito severa. Não inibe, apenas aumentam o número de pichadores. Isso por ser uma pena alternativa, onde o acusado pode recorrer a fianças, ou o comprometimento com distribuição a cestas básica. Matos critica em dizer que essa lei não existe, pois já viu na 26ª DP essa pena ser cumprida de uma maneira informal.
Para valer a opinião do delegado Magalhães o adolescente Wanderson Lima* de 17 anos diz: "Pichador não pára, semana passada mesmo eu estava pichando um muro de colégio". Wanderson não estuda desde 2004, parou na sexta série do ensino fundamental. Até se matriculou para esse segundo semestre, mas não está motivado em voltar aos estudos. Entrou para uma gangue há dois anos e mesmo com toda prática de crimes, o adolescente não está nem um pouco motivado a parar.

* Nomes fictícios para preservação das respectivas identidades.

Fonte: Redação Na Prática (IESB)

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